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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Estudo sobre Cantos da Capoeira - III

Antes de continuarmos com Waldeloir Rego, vamos fazer uma pausa e apreciar as palavras sobre cantos da capoeira retiradas da obra de n. 03  da coleção Recôncavo, "Jogo da Capoeira" de 1951. Ela foi escrita, e contêm 24 desenhos, por Carybé. Obras que iremos explorar em outros momentos, mas por enquanto vamos ao estudo dos cantos. Nesta obra Carybé transcreve um conta que demonstra bem a questão do diálogo indicado por Valdeloir.
Segundo a obra, a Bahia teria contribuído muito com a parte musical introduzindo instrumentos, mas também inventou cantigas e deu regras ao jogo:

"A Bahia muito contribuíu, na parte musical, introduzindo o pandeiro, o caxixi e o réco-réco,em substituição das palmas; e o berimbau de barriga com corda de aço, com voz mais sonora e muto mais recursos que o de bôca.
Inventou cantigas e deu regas ao jôgo que começa com as chulas de fundamento tiradas pelo mestre:

           Sinhazinha que vende ai?
           Vendo arroz do Maranhão
           Meu sinhó mandô vendê
           Na terra de Salomão.

     Aruandê

O coro responde:

          ê, ê
         Aruandê
         Camarado

     Galo cantô

         ê, ê
         galo cantô
         Camarado  

     Cocôrocô

         ê, ê
         cocôrocô
         Camarado


     Goma de engomá

         ê, ê
         goma de engomá
         Camarado


     Ferro de matá

         ê, ê
         ferro de matá
         Camarado

     É faca de ponta

         ê, ê
         faca de ponta
         Camarado

     Vamos embora

         ê, ê
         vamos embora
         Camarado


     Pro mundo afóra

         ê, ê
         pro mundo afóra
         Camarado


     Dá volta ao mundo



         ê, ê
         dá volta ao mundo
         Camarado

(...)

Muitas das chulas de fundamento contam façanhas e feitos dos mestres que têm assim trovadores cantando suas glórias, não na voz lânguida dos aludes mas no som rouco dos berimbaus e na pancada do caxixi.". 

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