Hoje
(05/04/2012) é um dia de festa para a Capoeira Angola.
O
seu mais ilustre representante, ou melhor, aquele que formatou, valorizou e
trouxe para a Capoeira Angola um pouco de cordialidade faria hoje 123 anos de vida. Trata-se de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha) nascido em Salvador, em
5 de abril de 1889 —
e que veio a falecer na mesma cidade, no
dia 13 de novembro de 1981.
Para comemorar esse dia, Veneno da
Noite – Blog de Capoeira Angola selecionou um pequeno trecho de uma obra de
Jorge Amado (Jorge
Leal Amado de Faria: Itabuna, 10
de agosto de 1912 — Salvador, 6
de agosto de 2001, foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de
todos os tempos) intitulada Bahia de todos o Santos, que traz uma pequena, mas
intensa descrição desse Mestre de Capoeira Angola.
Segundo nota da 12° Edição, o
livro que havia sido escrito em 1944 e publicado em 1945 (no período da 2°
Guerra Mundial) como um “guia das ruas e dos mistérios da cidade de Salvador”
foi atualizado na sua 8° edição, em 1960. No entanto, como anuncia a nota, os
textos não sofreram grandes alterações. No capítulo: Capoeiras e Capoeiristas,
Jorge Amando faz uma descrição de Mestre Pastinha e fala sobre Mestre Bimba e
sua Capoeira Regional Baiana. Aqui, nos limitaremos a mostrar a descrição sobre Mestre Pastinha:
Mestre Vicente Pastinha tem mais de setenta anos. É um
mulato pequeno, de assombrosa agilidade, de resistência incomum. Quando êle começa
a “brincar”, a impressão dos assistentes é que aquêle pobre velho, de carapinha
branca, cairá em dois minutos, derrubado pelo jovem adversário ou bem pela
falta de fôlego. Mas, ah! Ledo e cego engano! nada disso se passa. Os
adversários sucedem-se, um jovem, outro jovem, mais outro jovem, discípulos ou
colegas de Pastinha, e êle os vence a todos e jamais se cansa, jamais perde o fôlego,
nem mesmo quando dança o “samba de angola”.
A Escola de Capoeira de Angola, de Mestre Pastinha, fica na
ladeira do Pelourinho, no Largo mesmo, num primeiro andar. As quintas e
domingos “brinca-se” na Escola. Nas quintas, em geral, a brincadeira é mais
fraca, são os alunos mais novos que se exibem. No domingo vêm os capoeiristas
conhecidos e a festa começa pela tarde. Quem for à Bahia não deve perder o
extraordinário espetáculo que é Mestre Pastinha no meio de seu de seu salão
jogando a capoeira, ao som do berimbau. E quando êle não esta lutando, não vai
descansar. Toma de um berimbau, puxa as cantigas. Para mim, Pastinha é uma das
grandes figuras da vida popular da Bahia. É indispensável conhecê-lo, conversar
com ele, ouvi-lo contar suas histórias, mas, sobretudo, vê-lo na “brincadeira”,
atingindo adversários vigorosos e jovens, derrotando-os um a um.
AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos.
17°
Edição. Livraria Martins Editora, São Paulo. s/d.
p.211.