Esta obra: Brasil, folclore para turista de 1963 foi escrita por Yves Rudner Schmidt, um musicista e folclorista da época, em comemoração ao IV Jogos Pan-americanos, ocorrido no mesmo ano da publicação da obra, na cidade de São Paulo. Eram os tempos da guerra fria, e o livro foi lançado um ano após a crise dos mísseis em Cuba, ou ainda, um ano antes do golpe militar de 1964 no Brasil. Em meio as turbulências da política nacional e da política internacional, Yves se debruçou sobre a cultura brasileira e realizou, uma representação da mesma para que os brasileiros e para os possíveis visitantes estrangeiros aos jogos, se familiarizassem com o folclore do país sede do evento.
O Autor: Yves Rudner Schimidt (1933 - )
Nascido em julho de 1933, na cidade de Taubaté/SP, Yves Rudner Schmidt se formou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Mais tarde veio a fundar a Associação Brasileira de jovens compositores de São Paulo, no qual foi seu diretor.
Atuou como compositor de trilhas sonoras para cinema e peças teatrais. Sua carreira como compositor foi repleta de realizações e prêmios como reconhecimento da qualidade de seu trabalho. Atuou também, nos estudos sobre o folclore brasileiro: foi membro da Comissão Paulista de Folclore, do Centro de Pesquisas Folclóricas Mário de Andrade; ganhou a Medalha Sylvio Romero pela Secretária Geral da Educação e Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro, por ocasião das comemorações do Décimo aniversário da Comissão de Folclore. Ainda, dentro desta área, em 1963, lançou seu primeiro livro: Brasil - Folclore para turistas, pela editora Aquila S/A. Nos anos seguinte, atuou dentro da música e dentro das idéias sobre o folclore brasileiro. Para maiores informações, se pode consultar o único site que encontrei sobre o Yves Rudner Schumidt.
A Obra: Brasil, folclore para turista (1963).
A obra Brasil - Folclore para turista está mais para um pequeno dicionário de aspectos folclóricos da cultura brasileira, com o objetivo de ilustrar nossa cultura para turistas que visitassem o Brasil durante o IV Jogos Pan-americanos de 1963. São inúmeros os verbetes sobre danças e músicas (Frevo, Moçambique e Anu), brincadeiras infantis (Ciranda), lendas (Saci, Mula sem cabeça, Bôto, …) e o jogo da capoeira, todos relacionados a aspectos culturais legados pelas indígenas, negros e do colonizador português.
Um aspecto interessante da obra é ela ser bilingüe, em português e em inglês. Mas, vejamos quais as idéias sobre a capoeira que ficaram impressas nesta obra.
Logo de inicio, para Yves, a Capoeira seria africana e teria vindo para o Brasil junto com os escravos: "Com a chegada dos escravos negros de Angola (Bantus), foi introduzida pelos mesmos a capoeira no Brasil". E ainda, que a capoeira na sua formação é um jogo, em que os participantes se manifestam por gestos, por expressões corporais sempre prescindindo das cantigas. Ou melhor, nas próprias palavras do autor é uma pantomina! Para o autor, me parece que o aspecto de luta não faz parte da capoeira, sendo ela, tão somente uma mímica.
Interessante é a descrição sobre a contribuição musical, principalmente da Bahia, para a composição da bateria com a introdução de instrumentos como o caxixi, o reco-reco e o pandeiro. Menciona-se a troca do uso do berimbau (para ele também o principal instrumento da roda de capoeira) de boca pelo berimbau de barriga, comumente usado nas rodas de hoje. Sobre os capoeira da década de 1960, o autor menciona que ela é usada para se exercitar de forma amistosa, no entanto, "muitas vezes serve de arma de malandro".
Por fim, faz uma descrição de como o jogo da capoeira se dá: menciona as cantigas, o inicio do jogo, os movimentos e o fato, de os jogadores, usarem roupas brancas e mesmo, depois do jogo, "não encontramos uma sujeirinha siquer em seus ternos brancos".
Fiquem com a digitalização dos originais da obra:
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