Tudo aquilo que se refere à capoeira anteriormente aos grandes ícones Pastinha
e Bimba está envolto de mistério. No século XIX, cidades como Rio de Janeiro e
Salvador estavam repletos de escravos vindo de África e seus afrodescendentes,
e o que parece, não passavam despercebidas do olhar de muitos artistas e
naturalistas estrangeiros que aqui aportaram depois da chegada de D. João e a
família real em 1808. Como nova sede do Império Português, alguns anos depois
desse episódio, toda uma estrutura foi montada para acolher a realeza europeia em
terras tropicais Pelas mãos de D. João, foi criado o Jardim Botânico, o Banco
do Brasil, por exemplo. Num outro contexto, no processo de independência e na consolidação do estado-nação brasileiro outras iniciativas foram tomadas pelo
seu filho e pelo seu neto (D. Pedro I e D. Pedro II). Aqui, focaremos na fundação da litografia do Imperador.
Neste post apresentamos um desenho de Victo Barrat do Largo do Paço, uma
das 12 litogravuras publicadas em 1835 no álbum Sollvellirs de Rio de Janeiro (Lembranças
do Rio de Janeiro) por Johann Jacob Steinmann, a partir de desenhos de Kretschmar,
de Victo Barrat e dos registros do próprio Steinmann. Infelizmente sobre o
autor do desenho que vamos explorar não encontramos nada, por isso vamos comentar sobre o organizador do álbum.
Johann Jacob Steinmann (Basel, Suíça, 17 de setembro de 1800 – Basel, 20 de junho
de 1844) foi contratado para atuar no Brasil, e veio para o Rio de Janeiro em
1824, como litógrafo do Imperador D. Pedro I, subordinado ao Arquivo e Academia
Militar. Trabalhou durante cinco anos litografando mapas e outros impressos
para o Arquivo Militar, impressora cartográfica oficial do Primeiro Império
e, em 1830, estabeleceu oficina própria de cujas prensas se conhecem alguns
mapas e folhas volantes de costumes e tipos populares do Rio de Janeiro.
O que nos interessa é o desenho de Victor Barrat, ou melhor, um pequeno
detalhe nele, que é um indicia da prática da capoeira no início do século XIX. O
que se representa no desenho é a área do Paço Imperial, prédio construído entre
1733 e 1743 e que foi residência do governador e Vice-rei durante o século
XVIII e de D. João e seus descendentes (D. Pedro I e D. Pedro II) após o
episódio de 1808.
Essa área reunia grande quantidade de pessoas se configurando como o
centro político de todo o século XIX (Capital do Império). Passavam por ali
barqueiros (a grande maioria de escravos) que transportavam pessoas e
mercadorias; transporte regular de carruagens para a elite da época; o comércio
de escravos também era realizado nas proximidades, na região conhecida como “Valongo”;
estava presente ainda um grande contingente militar. Outro local dos arredores
com grande concentração de pessoas (em sua grande maioria escravos) era o
chafariz (da Junta de Comércio e do Mestre Valentim). Ali ocorriam atividades
de comércio e encontro sociais. Do desenho percebe-se a presença de ambulantes
e de escravos na atividade de buscar água. Além, é claro, de capoeiras como
mostra o detalhe.
Que maravilha meu amigo! é isso Cultura na galera!!! é disso que a gente preciza...
ResponderExcluirObrigado Mestre, mas com certeza sou eu quem está aprendendo mais!
ResponderExcluirabraço;